Quando estava lendo Sapiens, senti a necessidade de relatar essa experiência intrigante aqui no blog. Mesmo não sendo um livro relacionado a dieta, o autor apresenta tantos detalhes do nosso comportamento atual que vale a pena a leitura. É surpreendente!
Autor: Yuval Noah Harari
ISBN: 9788525432186
Edição: 1ª – 2015 (em inglês foi em 2011)
Páginas: 464
O livro Sapiens é de uma elegância e simplicidade que dá medo. É simplesmente de tirar o fôlego o que esse jovem escritor conseguiu. Eu irei aqui direcionar a resenha para o nosso mundo de comida de verdade e nossa dieta.
Abaixo eu colocarei trechos do livros, eu não considero spoiler, pois não há nenhuma revelação de trama, como uma história, mas são trechos que eu considerei importante, ligado ao nosso dia a dia!
Revolução Agrícola: Maior fraude da história!
Tudo isso mudou há cerca de 10 mil anos, quando os sapiens começaram a dedicar quase todo seu tempo e esforço a manipular a vida de algumas espécies de plantas e de animais. Do amanhecer ao entardecer, os humanos espalhavam sementes, aguavam plantas, arrancavam ervas daninhas do solo e conduziam ovelhas a pastos a Revolução Agrícola.
E assim começou a escravidão dos Sapiens, nós! E por um punhado de vegetais. É realmente triste que a espécie mais inteligente do planeta se tornou.
Mesmo hoje, com toda a nossa tecnologia avançada, mais de 90% das calorias que alimentam a humanidade vêm do punhado de plantas que nossos ancestrais domesticaram entre 9500 e 3500 a.C. – trigo, arroz, milho, batata, painço e cevada. Nenhuma planta ou animal importante foi domesticado nos últimos 2 mil anos. Se nossa mente é a dos caçadores-coletores, nossa culinária é a dos antigos agricultores. […] A Revolução Agrícola certamente aumentou o total de alimentos à disposição da humanidade, mas os alimentos extras não se traduziram em uma dieta melhor ou em mais lazer. Em vez disso, se traduziram em explosões populacionais e elites favorecidas. Em média, um agricultor trabalhava mais que um caçador-coletor e obtinha em troca uma dieta pior. A Revolução Agrícola foi a maior fraude da história.
Quem foi responsável? Nem reis, nem padres, nem mercadores. Os culpados foram um punhado de espécies vegetais, entre as quais o trigo, o arroz e a batata. As plantas domesticaram o Homo sapiens , e não o contrário.
É chocante!!! O trigo e outros vegetais demandavam tanto trabalho, arar, irrigar, fertilizar que é completamente estranho que esses vegetais possam ter convencido os Sapiens (nós) a cultivá-los. Para vcs terem uma ideia, nós não temos o corpo feito para arar, simplesmente temos problema de coluna relacionado a isso, dentre outras doenças.
Até o autor, que é um historiador, afirma isso:
Como o trigo convenceu o Homo sapiens a trocar uma vida boa por uma existência mais miserável? O que ofereceu em troca? Não ofereceu uma dieta melhor. Lembre-se, os humanos são primatas onívoros, que prosperam com uma grande variedade de alimentos. Antes da Revolução Agrícola, os grãos compunham apenas uma pequena parte da dieta humana. Uma dieta baseada em cereais é pobre em vitaminas e sais minerais, difícil de digerir e péssima para os dentes e as gengivas.
Como [diabos] um nutricionista pode achar que comer grãos em todas as refeições pode ser considerado uma dieta equilibrada. Onde 70% de carboidrato é equilibrado? Me mostrem a matemática da coisa.
Nós não domesticamos o trigo; o trigo nos domesticou. A palavra “domesticar” vem do latim domus , que significa “casa”. Quem é que estava vivendo em uma casa? Não o trigo. Os sapiens.
O trigo não ofereceu nada para as pessoas enquanto indivíduos PORÉM, facilitou o assentamento da espécie humana e portanto, permitiu o número de pessoas crescesse exponencialmente. Essa é a essência da Revolução Agrícola: a capacidade de manter mais pessoas vivas em condições piores. É simplesmente uma verdade incômoda!! Vale a pena a leitura do livro só por causa desse capítulo. SÃO MUITOS DETALHES!!
Junto com a revolução agrícola, também veio a pecuária. Eu particularmente estou longe de virar vegetariano, porém estou repensando seriamente o meu consumo de lacticínios e de carne, principalmente a quantidade e a origem. Não vou falar muito desse tópico, mas fica mais um trecho do livro:
Um bezerro em uma fazenda industrial. Imediatamente após o nascimento, o bezerro é separado da mãe e trancado em uma jaula minúscula, não muito maior do que seu próprio corpo. Lá, o bezerro passa o resto da vida – em média, cerca de quatro meses. Nunca sai da jaula, nem pode brincar com outros bezerros ou mesmo caminhar, de modo que seus músculos não se desenvolvem. Músculos fracos significam uma carne macia e suculenta. A primeira vez que o bezerro tem uma chance de caminhar, esticar os músculos e tocar outros bezerros é a caminho do matadouro. Em termos evolutivos, o boi representa uma das espécies de animal mais prósperas que já existiram. Ao mesmo tempo, está entre os planeta.
Lembrando que no Brasil, a criação de gado é em pasto, o bezerro fica livre. Há a tendencia de algumas fazendas com a estratégia de confinamento, mas ainda são poucas.
Consumismo:
Para mim, a parte mais tocante de Sapiens foi a inversão do valor da indulgência! Se considerarmos uma propaganda da Health Treats, que diz o seguinte: oferece uma porção de grãos, frutas, nozes e castanhas para uma experiência que combina sabor, prazer e saúde. Para uma refeição saborosa no meio do dia, perfeita para um estilo de vida saudável. Um verdadeiro deleite com o sabor maravilhoso de “quero mais”.
Durante a maior parte da história, as pessoas teriam sido repelidas, e não atraídas, por esse texto. Eles o teriam considerado egoísta, indecente e moralmente corrupto. O consumismo trabalhou duro, com a ajuda da psicologia popular (“Just do it!”), para convencer as pessoas de que a indulgência é algo bom, ao passo que a frugalidade significa auto-opressão.
Que coisa interessante não? O pior é que os mimos em geral são comidas. Quando penso em todas as desculpas que já tive para sair da dieta, a maioria começava com: “Eu mereço, depois de …., eu preciso comer algo gostoso”. Eu com certeza mereço ter saúde. Em quê a comilança em uma praça de alimentação de um shopping, diga-se de passagem um ambiente completamente solitário mesmo com tantas pessoas, pode ser considerado recompensa? Consumismo realmente é algo a se pensar. Menos é mais!
Alguns pontos de Sapiens ligados a economia:
Um ponto que fiquei reflexivo foi sobre a despeito do que gastamos em dieta e a fome do mundo. Cada vez mais acredito que comer de modo simples é o melhor para o mundo:
Todos os anos, a população dos Estados Unidos gasta mais dinheiro em dietas do que a quantidade necessária para alimentar todas as pessoas famintas no resto do mundo. A obesidade é uma vitória dupla para o consumismo. Em vez de comer pouco, o que levará à contração econômica, as pessoas comem demais e então compram produtos para dieta – contribuindo duplamente para o crescimento econômico.
Ainda na veia econômica, uma das explicações de termos que comer no mesmo horário que todo mundo, desrespeitando completamente nossa individualidade biológica, e além disso, ditando a frequência que comemos é devido a revolução industrial. Olhe que engraçado, para garantir que a linha de produção funcionasse, todos teriam que ser iguais, e assim nos moldaram.
Por exemplo, em uma oficina medieval cada sapateiro fazia um sapato inteiro, da sola ao cadarço. Se um sapateiro se atrasasse para o trabalho, isso não atrasava os demais. No entanto, na linha de montagem de uma fábrica de sapatos moderna, cada operário maneja uma máquina que produz apenas uma pequena parte de um sapato, que então é passada à máquina seguinte. Se o funcionário que opera a máquina número 5 perdeu a hora, atrasa todas as outras máquinas. A fim de evitar tais calamidades, todos devem aderir a uma grade horária precisa. Cada trabalhador chega no trabalho exatamente à mesma hora. Todos almoçam juntos, quer que seu turno chegou ao fim – e não quando terminaram seu projeto
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Depois dessa resenha ligada ao mundo das dietas, você pode se interessar pela conversa do Yuval Harari com Pedro Bial, que foi ao ar na data 21/07/2017, comentando também sobre o novo livro dele, Homo-Deus.
https://globoplay.globo.com/v/6025170/
Além disso, tem um TED com o Yuval falando do Sapiens:
Existem MUITAS resenhas do livro na net, basta escolher uma e se interessar ainda mais pelo livro. É transformador!
Coloque nos comentários o que você achou do livro.;)
Abraços!