Dica rápida para quando você estiver no meio da rua e bater o desespero por “não ter onde comer” um lanche rápido. Pão de queijo, meus caros.
Cetose x Cetoacidose! Qual a diferença?
Algumas pessoas tem dúvidas quando fazem dieta low-carb, pois alguns profissionais da área de saúde falam que não se pode fazer por muito tempo ou mesmo que não se pode comer pouco carboidrato senão a pessoa irá desenvolver cetoacidose. Será que isso está certo?
Hilton publicou uma tradução de um post do site http://highsteaks.com/, muito interessante e com um excelente resumo de artigos científicos sobre o tema, se você realmente tiver alguma dúvida depois desse post (ou se gosta de ler artigos) é uma leitura muito interessante.
Outro bom texto para iniciantes sobre o assunto é tratado no grupo Atkins em gotas, e foi feita pela Erikah Azzevedo, vale a pena conferir o grupo!! É bem completo!
O nosso corpo pode produzir corpos cetônicos a partir de gorduras e alguns aminoácidos e seu mecanismo já explicamos no post O que realmente é cetose! Por que produzimos cetonas? Para começar, é uma vantagem evolutiva vital. Nosso cérebro só pode funcionar com a glicose e cetonas. Já que não podemos armazenar mais de cerca de 24 horas no valor de glicose, todos nós morreríamos de hipoglicemia se alguma vez fôssemos forçado a jejuar por mais de 24 horas. Felizmente, nosso fígado pode tirar gordura e selecione aminoácidos (os blocos de construção das proteínas) e transformá-los em cetonas, em primeiro lugar e acima de tudo para alimentar nossos cérebros. Assim, a capacidade do nosso corpo para produzir cetonas é necessário para a sobrevivência básica.
CETOACIDOSE
O que é a cetoacidose diabética? Quando um diabético (geralmente um diabético Tipo I, mas às vezes isso ocorre muito estágio avançado em diabéticos Tipo II) deixa de receber insulina suficiente, eles vão para um estado eficaz de fome. Enquanto eles podem ter toda a glicose no mundo em sua corrente sanguínea, sem insulina, essa glicose não vão ser usadas e eles começar a acumular. Assim, o diabético vão estar efetivamente em inanição. O corpo faz o que ele faria em qualquer um – ele começa a fazer cetonas de gordura e proteínas. Aqui está o problema: o paciente diabético, neste caso, não pode produzir insulina (ou ela não está ativada pelos remédios) e por isso o corpo não sabe quando parar de produzir cetonas. Se os níveis de cetona ficar alta por um longo tempo (especificamente, beta-hidroxibutirato) gera-se um desequilíbrio do pH o que resulta numa profunda perturbação metabólica e o paciente está em estado grave.
CETOSE
Cetose é uma história completamente diferente. Esta condição é alcançada por alguns praticantes do estilo de vida low-carb que se referem a ela como “a vantagem metabólica”. Lembra-se como cetonas não podem ser armazenadas para uso posterior, somente eliminadas através da urina? Bem, as pessoas em dietas de baixo carboidrato vão colher o benefício de ter sua gordura corporal dividida em cetonas e eliminada através da urina se não for usada. Os baixos níveis de insulina são necessárias para a mobilização do tecido adiposo, e a insulina é produzida a partir do pâncreas, principalmente como resultado do consumo de hidratos de carbono na dieta. A razão pela qual praticantes do estilo de vida low-carb não desenvolvem algum dos sintomas negativos como alguém com diabetes tipo 1 é porque uma pessoa em uma dieta low-carb não tem níveis cronicamente elevados de açúcar no sangue. De fato, os low carbers consumem muito pouco carboidrato, e o pouco que eles consomem faz gerir de forma eficaz a insulina que essas pessoas são capazes de produzir.
As pessoas confundem cetose nutricional com cetoacidose diabética por desconhecer conceitos que fogem a luz da bioquímica e da fisiologia… muitos acreditam que ambas as condições são perigosas porque ambas envolvem a formação de cetonas, mas são, na verdade, os efeitos prejudiciais da diabetes não são devidos à cetona somente, mas também porque o sangue está mais ácido e também com açúcar elevado.
Os níveis de cetonas podem ser detectados pela urina, através de fitas indicadoras vendidas em farmácias ou no sangue por meio de medidores semelhantes aos de glicose (tem um post aqui: Medidor de cetonas).
Lembrem-se, nós que fazemos essa dieta, produzimos insulina, seja pelo carboidrato que comemos ou pelas proteínas que também ingerimos que também se transforma em glicose pelo meio da gliconeogênese. Nós mantemos o nível de glucagon (hormônio antagônico a insulina e responsável pela lipólise/quebra de gordura) controlado e a quebra de gordura idem tudo porque nessa dieta o nível de insulina também está controlado, é impossível estar em cetoacidose nessas condições.
Na cetoacidose diabética os níveis de cetona estão pra lá de elevados, 20 a 25 vezes maior que na cetose dietética, tudo porque não se tem a insulina sendo produzida e portanto o hormônio antagônico dela, o glucagon, está em descontrole total , e não há controle voluntario no aumento da quebra dos ácidos graxos provenientes das gorduras corporais, e talvez seja essa a diferença presente em ambas condições. Neste artigo, podemos ver a uma tabela sobre os níveis médios de glicose, insulina, cetonas e pH no organismo para cada tipo de dieta.:
Níveis sanguíneos | Dieta normal | Dieta cetogênica | Cetoacidose diabética |
Glicose (mg/dl) | 80-120 | 65-80 | >300 |
Insulin (U/l) | 6-23 | 6.6-9.4 | ~0 |
Concentração de corpos cetônicos (mg/dl) |
1.8 | 126-144 | > 450 |
pH | 7.4 | 7.4 | > 7.3 |
Na cetose fisiológica (que ocorre durante dietas cetogênicas com muito pouco carboidrato), a cetonemia atinge níveis máximos de 130-160 mg/dl (não vai mais alto que isso precisamente porque o sistema nervoso central usa eficientemente tais moléculas como fonte de energia, ao invés de glicose) e sem alteração no pH, enquanto na cetoacidose diabética descontrolada ela pode exceder 450mg/dl com concomitante diminuição do pH sanguíneo.]
Cetose é um conceito amplo realmente e é amplo por que não quantifica nada, basta-se ter corpos cetônicos pra se estar em cetose, mas estar em cetose é uma coisa e estar em cetoacidose é outra coisa completamente diferente, assim como estar ceto-adaptado é outra coisa (não basta produzir cetonas para já estar usando elas como energia, precisa de tempo para o corpo acostumar).
Mais informações nestes posts:
- http://www.ketogenic-diet-resource.com/ketoacidosis.html
- http://www.diabetes.co.uk/blood-glucose/ketosis.html
- http://www.free-workout-plans-for-busy-people.com/is-ketosis-dangerous.html
- http://www.helium.com/items/2024536-what-is-the-difference-between-ketosis-and-ketoacidosis
- http://eatingacademy.com/nutrition/is-ketosis-dangerous
- http://www.healthguideinfo.com/diabetes-complications/p104610/
Salad in a Jar
Eu não sei se vocês perceberam, mas nos últimos meses a internet (ou parte dela) foi invadida por fotos de saladas em frascos, chamadas em inglês por aí de “salad in a jar”. Basta jogar o termo no Google Imagens que aparecem inúmeras fotos.
A Dieta da Mente
No início de maio de 2014 chegou meu exemplar do A Dieta da Mente, livro do Dr. David Perlmutter que fez barulho nos EUA. O livro foi lançado nos EUA em setembro de 2013, então foi realmente uma boa surpresa quando soubemos que o Grain Brain seria lançado em português tão rápido.
ISBN: 9788565530606
Edição: 1ª – 2014
Páginas: 344
O Dr. David é neurologista e em seu livro discorre sobre os efeitos nocivos do glúten (e dos carboidratos em geral) no nosso cérebro.
Mais uma vez eu lamentei a tradução do título e a capa sensacionalista que passa uma ideia totalmente equivocada do livro. Eu sei que Grain Brain não é uma título fácil de traduzir diretamente, mas A Dieta da Mente, na minha opinião, passa a ideia de mais uma dieta doida, tipo dieta da lua e afins. Ainda por cima parece que é uma dieta que usa o poder da mente para emagrecer….¬¬
Títulos e capas à parte, o livro é muito bem traduzido e apresenta o tema de forma muito acessível e organizada, sem exagerar em termos técnicos demais, além de quase 300 referências.
Logo de início o autor deixa claro que este não é “mais um livro de dieta”:
Meu objetivo, ao escrever A dieta da mente, é fornecer informações sólidas e baseadas em perspectivas científicas e psicológicas modernas e evolucionistas. Este livro foge das ideias preconcebidas — e dos interesses corporativos escusos. Propõe uma forma inteiramente nova de compreender a causa por trás das doenças do cérebro e oferece uma promissora mensagem de esperança: elas podem ser, em grande parte, evitadas. Por isso, caso você não tenha entendido até aqui, vou ser absolutamente claro: este não é apenas mais um livro de dieta ou um manual de instruções genérico sobre prevenção de doenças.
Na primeira parte do livro são apresentados os inimigos do cérebro que o tornam vulnerável a disfunções e doenças. Também são debatidos os efeitos da tradicional pirâmide alimentar e demostrado como uma dieta pobre em carboidratos e rica em gorduras é o ideal. Inclusive há alguns comparativos entre a dieta dos nosso ancestrais e a atual.
Em relação ao glúten são apresentados diversos argumentos sobre os impactos negativos no organismo e, em especial, no cérebro. As diferenças entre a doença celíaca e a sensibilidade ao glúten são expostas e um importante alerta em relação ao diversos graus de sensibilidade é feito.
Cerca de 99% das pessoas que atendo têm sistemas imunológicos que reagem negativamente ao glúten e elas nem sequer sabem disso. O dr. Hadjivassiliou afirma ainda que “a sensibilidade ao glúten pode ser primordialmente, e às vezes exclusivamente, uma doença neurológica”. Em outras palavras, quem tem sensibilidade ao glúten pode ter problemas nas funções cerebrais sem ter nenhum tipo de problema gastrointestinal. Por essa razão, ele testa a sensibilidade ao glúten em todos os pacientes que têm transtornos neurológicos inexplicáveis.
Diversos casos de melhoras de doenças neurológicas ao se retirar o glúten da alimentação são apresentados. Inclusive casos de pessoas que conseguem controlar os sintomas apenas com a alimentação adequada.
O diabetes também é relacionado às doenças neurológicas, principalmente Alzheimer. É realmente interessante toda a parte que discorre sobre esse assunto.
Ao longo do livro o famoso colesterol é debatido, bem como, o uso questionável das estatinas. A herança genética é outro tema bastante discutido, principalmente mostrando como ela não é uma sentença de morte. No fim das contas, ela é o que menos impacta no desenvolvimento das doenças neurológicas.
E claro, no quesito carboidratos x obesidade Taubes não podia ficar de fora:
Adoro a forma como Taubes traça um paralelo entre a relação de causa e efeito que une os carboidratos e a obesidade, e o elo entre o fumo e o câncer. Se os cigarros não tivessem sido inventados, o câncer pulmonar seria uma doença rara. Da mesma forma, se nossas dietas não fossem tão ricas em carboidratos, a obesidade seria uma condição rara. Eu iria um passo além e diria que outras condições também seriam incomuns, inclusive o diabetes, as doenças cardíacas, a demência e o câncer.
Na segunda parte do livro é feita uma interessante explicação sobre os hábitos que levam a um cérebro saudável – a tríade nutrição, exercícios e sono. E por fim, na terceira parte, é apresentado o programa de um mês que auxilia na mudança de hábitos. Tem até cardápio e receitas para aqueles que gostam de ter tudo regrado.
Eu considero o A Dieta da Mente um livro melhor do que o Barriga de Trigo para iniciar pessoas no tema. Não é completo, mas é muito rico no foco que dá. Considera de forma mais firme os carboidratos como nocivos (nos padrões de consumo tradicionais da dieta ocidental) e trata explicitamente dos benefícios das gorduras naturais. Por tratar de problemas relacionados à saúde do cérebro, acredito que sensibilize muito mais pessoas, afinal são questões que independem de estar acima do peso.
O Dr. David apareceu no programa do Dr. Oz falando sobre o tema. Confere lá (em inglês): http://goo.gl/lg2Qbz
Vocês gostaram do que leram em A Dieta da Mente?
Lombo recheado!
Nunca achei que fosse tão fácil fazer lombo recheado, sempre pensei que fosse só para as pessoas mais experientes. Ledo engano, é muito muito fácil e fica uma delícia.
Barriga de Trigo
Apesar de fazer coro ao Dr. Souto e sempre lamentar a falta de livros paleo/lowcarb conceituados traduzidos para o português, comecei a ver uma luz no fim do túnel em 2013 quando Barriga de Trigo foi lançado aqui no Brasil.
Título: Barriga de Trigo
Autor: William Davis
ISBN: 9788578276874
Edição: 1ª Edição – 2013
Número de Páginas: 352
Editora: Martins Fontes
Eu comprei na pré-venda e li assim que chegou. De cara não gostei da capa, achei sensacionalista e com cara de “mais uma dieta da moda”, porém o conteúdo mostrou-se interessante e intrigante como prometido.
Basicamente o livro apresenta toda a transformação que o trigo vem sofrendo na indústria agrícola e como isso, aliado ao fato do trigo ser cada vez mais a base da alimentação da grande maioria das pessoas, afeta a saúde de boa parte da população.
A primeira parte do livro trata das características do trigo moderno, suas modificações ao longo dos anos, sua composição e também sua influência na liberação de insulina no sangue. Na segunda parte somos apresentados aos efeitos viciantes do trigo, sua atuação na mente e no corpo. São discutidas relações com obesidade, Alzheimer, doença celíaca, diabetes, problemas de pele, estômago, acidez, envelhecimento, sistema nervoso e doenças cardíacas.
Por fim, na terceira parte o autor propõe uma mudança de alimentação e faz orientações de como seguir um plano alimentar livre de trigo.
Quando li Barriga de Trigo achei a leitura super fácil e viciante, hoje vejo que pode não ser o mesmo para outras pessoas. Por ser um material em português e “emprestável” consegui que várias pessoas na minha família lessem e repensassem sua alimentação. Meu pai (diabético) leu todo e desde então tem controlado muitíssimo bem seus níveis de glicose no sangue.
Eu não achava e não acho um livro super completo. Ele foca basicamente no trigo e apenas comenta sobre os carboidratos em geral. Entendo que seja uma escolha do autor, visto que, de todos os grãos que possuem glúten, ou mesmo entre todos os carboidratos, com certeza o trigo é o mais consumido direta ou indiretamente.
Dentro do que se propõe é um ótimo livro. Talvez não seja o melhor para iniciar outras pessoas no tema paleo/lowcarb, mas na época era o que tinha. 😉
E vocês, já leram Barriga de Trigo?